O físico teórico e cosmólogo britânico
Stephen Hawking morreu nesta quarta-feira, 14, aos 76 anos, anunciaram os
filhos do cientista em um comunicado. Hawking foi um dos mais conhecidos
cientistas do mundo.
"Estamos
profundamente entristecidos porque nosso querido pai morreu hoje",
declararam os filhos de Hawking, Lucy, Robert e Tim, em um comunicado publicado
pela agência britânica Press Association. "Foi um grande cientista e um
homem extraordinário cujo trabalho e legado perdurarão por muitos anos".
Mesmo
sem poder movimentar o corpo ou falar durante a maior parte de sua vida, por
conta de uma grave doença degenerativa, o cientista deu contribuições
importantes à Física, especialmente com seus trabalhos sobre as origens e
estrutura do Universo, que ajudaram a entender o papel dos buracos negros.
Hawking
nasceu em Oxford, na Inglaterra, em 8 de janeiro de 1942, no mesmo dia em que a
morte do astrônomo italiano Galileu Galilei completava 300 anos. Formado em
Física na Universidade de Oxford, tornou-se pesquisador da Universidade de
Cambridge, em cosmologia - a ciência que estuda o Universo em sua totalidade,
envolvendo sua origem e sua evolução.
Aos
21 anos, em 1963, Hawking foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica
(ELA). De acordo com os prognósticos médicos, ele não teria tempo suficiente
para terminar seu doutorado: a previsão era de apenas mais dois anos de vida.
Surpreendentemente, ele não apenas concluiu sua tese, como mais tarde ajudou a
revolucionar seu campo de estudos.
Rara
doença degenerativa, a ELA paralisa gradualmente os músculos do corpo, mas não
atinge as funções cerebrais. Aos poucos, Hawking foi perdendo todos os
movimentos e a fala foi se tornando cada vez mais difícil
Em
1985, após uma visita à sede da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear
(Cern, na sigla em francês), na Suíça, precisou fazer uma traqueostomia após
contrair uma pneumonia. A partir dali, perdeu a voz completamente.
Imóvel
em uma cadeira de rodas, Hawking passou a se comunicar com um sintetizador de
discurso construído em Cambridge e combinado a um software que gera uma voz
eletrônica. O físico controlava o sistema movimentando músculos da bochecha.
Uma versão mais recente do dispositivo permitia que os movimentos de seus olhos
fossem rastreados para gerar as palavras.
Descobertas
Nos
anos em que se dedicou a estudar as leis fundamentais que governam o cosmos,
Hawking propôs que se o Universo teve um início - o Big Bang -, provavelmente
terá um fim.
Trabalhando
com o cosmólogo Roger Penrose, ele demonstrou que a Teoria da Relatividade
Geral de Albert Einstein leva a concluir que o espaço-tempo, iniciado no Big
Bang, chegaria ao fim com os buracos negros. A tese implica que a teoria de
Einstein e a teoria quântica devem estar conectadas - algo controverso até
hoje.
Utilizando
as duas teorias, em 1974, Hawking teorizou que, por causa dos efeitos
quânticos, os buracos negros não são totalmente "negros", mas
deveriam emitir um tipo de radiação, contradizendo a ideia de que nada poderia
escapar desses corpos celestes.
A
ideia de Hawking partia do princípio de que, graças ao caráter aleatório da
teoria quântica, não seria possível a existência do vazio absoluto no Universo.
Mesmo o vácuo espacial teria flutuações em seus campos energéticos, fazendo com
que pares de fótons aparecessem continuamente, destruindo-se mutuamente logo em
seguida.
Mas
esses "fótons virtuais" poderiam se tornar partículas reais, caso o
horizonte de eventos de um buraco negro os separasse antes que eles
aniquilassem um ao outro. Assim, um fóton seria tragado pelo horizonte de
eventos e o outro seria liberado no espaço. Essa seria a "radiação
Hawking", emitida pelo buraco negro.
Em
2014, Hawking revisou sua teoria de forma surpreendente, ao escrever que
"não existem buracos negros". Não existem, pelo menos, da maneira que
os cosmólogos os compreendem tradicionalmente.
Sua
nova teoria descartou a existência de um "horizonte de eventos", o
ponto do qual nada pode escapar. Em vez disso, ele propôs a existência de um
"horizonte aparente", que seria alterado de acordo com as mudanças
quânticas no buraco negro. A teoria permanece controversa.
Seu
primeiro livro a se tornar popular foi "Uma Breve História do Tempo: do
Big Bang aos Buracos Negros", lançado em 1988. Na obra, Hawking procurou
divulgar ao grande público questões fundamentais sobre o nascimento e a morte
do Universo. Desde então, o cientista publicou vários outros livros de
divulgação, como "O Universo em uma Casca de Noz", "O Fim da Física",
"Os Gênios da Física: Sobre os Ombros de Gigantes" e "Uma
Brevíssima História do Tempo".
Conhecido
mundialmente por seus populares livros de divulgação científica - como o best
seller "Uma Breve História do Tempo" - Hawking também chamava a
atenção pelo contraste entre sua vitalidade intelectual e sua fragilidade
física.
Fonte:
Estadão Conteúdo