Teve início nesta terça feira, 02 de agosto, o tradicional Festejo de
São Raimundo Nonato dos Mulundus, em Vargem Grande MA. Mais uma vez uma
multidão de fiéis participou da procissão.
A tradicional romaria partiu às 06h da Igreja Matriz, em Vargem Grande,
até o povoado de Paulica, onde foi realizada uma missa campal, nesta
terça-feira (22). Os festejos seguem até o próximo dia 31 de agosto e reúnem
milhares de fiéis, entre pecuaristas e vaqueiros, que percorreram, nesta
terça-feira (22), o percurso de cinco km em cavalos, mantendo uma histórica
tradição.
A tradicional romaria
A romaria, que é um momento de oração e de reflexão de toda a comunidade
católica e de fiéis de todos os cantos do país, reúne, anualmente, pagadores de
promessas, políticos e curiosos que acompanham o movimento.
Nesses dias, o vaqueiro deixa a lida no campo mais cedo. Se veste com
todo o capricho e vence as distâncias do sertão para rezar ao padroeiro. Na
abertura dos festejos, eles se juntam a milhares de romeiros ainda na
madrugada, unidos pela devoção a São Raimundo Nonato dos Mulundus. Um vaqueiro
que morreu há 200 anos, durante a lida com o gado, ganhou fama de milagreiro e
se tornou santo na região.
A missa campal e o canto emocionado diante da cruz são gestos de
adoração ao santo vaqueiro. São Raimundo Nonato dos Mulundus não é reconhecido
pela Igreja Católica. Por isso, a imagem atrelada a outro Raimundo Nonato, o
santo espanhol. Mas, isso não faz diferença na vida dos romeiros. Ele viveu nas
redondezas, há mais de 200 anos, e foi santificado pela fé popular.
Conta a história local que Raimundo Nonato era um vaqueiro do povoado de
Mulundus e teria morrido na lida para pegar o gado na caatinga. Com o passar
dos tempos, levou fama de milagreiro na região.
A romaria marca a abertura dos Festejos de São Raimundo. Depois de três
horas de caminhada, os romeiros, movidos pela fé, chegaram ao destino.
História do santo de Vargem Grande
Um jovem vaqueiro da fazenda Santa Maria, onde se localiza o povoado de
Mulundus, a 30 km da sede do município de Vargem Grande, quebrou o pescoço
quando campeava o gado e o cavalo chocou-se com uma palmeira de babaçu. Três
dias depois, o corpo de Raimundo Nonato foi encontrado intacto e um
inexplicável perfume recendia no ar.
O vaqueiro foi transformado em santo e venerado pelos escravos e
moradores, após o milagre que salvou a vida do dono da fazenda. Mas o corpo
desapareceu, surgindo hipóteses apontadas pelo escritor vargem-grandense Jether
Joran Martins: “a Igreja o teria levado para Roma; subiu ao céu; o povo o
carregou etc.” (Histórias & Estórias da Minha Cidade, 2002).
A imagem do vaqueiro doada pela sinhazinha para a capela erguida no
local “também desapareceu”, diz o escritor. Porém, dona Luíza Nina Rodrigues
(mãe do etnólogo maranhense Nina Rodrigues) mandou vir outra de Portugal. Mas,
“para a surpresa dela e do povo, veio a de São Raimundo Nonato da Espanha,
libertador dos escravos da Ordem dos Mercedários”.
A fé que move multidões.