Na foto: Manuela D’Ávila, ao lado do Deputado
Levi Pontes, durante o congresso.
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Manuela D’Ávila foi aclamada pela militância
do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) como pré-candidata à Presidência da
República durante a abertura do 14º Congresso da legenda, realizado em
Brasília, nesta sexta-feira (17), reunindo 600 delegados de todo o país. No
discurso, ela apontou os rumos para a saída da crise e defendeu a construção de
um projeto nacional de desenvolvimento com a formação de uma frente ampla.
Como
ela havia previsto, o Congresso seria o primeiro grande momento de sua
pré-candidatura, pois a “militância é o coração do PCdoB”. “Hoje, certamente,
vivo o momento mais bonito dessa trajetória, ao ser lançada pré-candidata à
Presidência da República por nosso partido. Se o partido comunista é a honra do
nosso tempo, como disse o Neruda, que honra enorme para mim ser a candidata dos
comunistas à presidência do Brasil”, declarou.
Muito
aplaudida e ao som de palavras de ordem como “Brasil independente, Manuela
presidente!”, a pré-candidata afirmou que a proposta do PCdoB é promover o
debate de um projeto nacional de desenvolvimento. Para isso, no entanto, ela
considera fundamental a articulação de uma frente ampla, forte e unitária, que
restabeleça o debate político.
“Nossa
pré-candidatura não se soma aquelas que desconstroem a política e, portanto,
agravam a crise brasileira. Sabemos que a crise no Brasil tem origem política
e, portanto, a saída da crise também é política. Não existem candidaturas de
outsiders. Nada mais a cara do sistema do que buscar soluções que pareçam estar
fora dele”, defendeu.
Flávio Dino
Manuela
disse que o seu partido tem proposta e, citando o governador do Maranhão,
Flávio Dino, disse que o PCdoB também demonstra na prática que os comunistas sabem
governar. “Flávio comprova que a experiência dos comunistas garante boa gestão,
ou seja, eficiência do estado comprometida com a existência do Estado para os
que precisam”, declarou.
Durante
entrevista coletiva, quando questionada por jornalistas sobre quais seriam os
pontos que poderiam unificar os partidos numa frente ampla, ela apontou:
“Acredito que são os partidos que têm compromisso com a justiça social, com
investimentos em políticas públicas que diminuam as desigualdades e que o
Estado seja o motor do desenvolvimento”.
A
pré-candidata comunista resgatou o papel do PCdoB nos governos Lula e Dilma
que, segundo ela, ajudou a construir “mudanças importantes no Brasil” e disse
que a crise política desencadeada desde o golpe de 2016 deve se encerrar com as
eleições de 2018.
“Não
pode ser momento de mero debate sobre o passado. Nós não queremos fazer da
eleição um momento de acirramento da crise econômica e política. Nós queremos
fazer da eleição um momento de construção de saídas”, defendeu.
Segundo
ela, o golpe e a agenda de retrocessos aos direitos de Michel Temer criaram um
clima de incertezas, levando o povo a sentir “medo do futuro”.
“Nós
precisamos fazer com o que o nosso povo sonhe novamente e que compreenda que,
como diz o nosso hino, o ‘Brasil é um sonho intenso’. É isso que eu estou
falando, o Brasil é um sonho porque o Brasil é uma bela realidade, mas o Brasil
ainda é também um projeto”, argumentou.
Tripé econômico
Manuela
defendeu “mudanças radicais na economia”. “Hoje o Brasil é vítima de um tripé
macroeconômico que tem como objetivo remunerar o rentismo, retirar as riquezas
do trabalho para transferi-lo para o mercado financeiro”, salientou.
E
acrescenta: “É preciso mudar essa realidade. Juros, câmbio e inflação: a gestão
desses três preços macroeconômicos têm que ser feita, mas tendo como lógica o
desenvolvimento do país e não os interesses do rentismo. Esse foi o caminho
trilhado pela China, país que tem um projeto de nação e que colocou esse
projeto como o meio de resolver os seus problemas sociais. Um câmbio para
tornar a nossas exportações competitivas; juros baixos que incentivem o
investimento produtivo e tornem o crédito barato e o ‘fim do medo-pânico’
paralisante do crescimento da inflação são a base para que voltemos a crescer”.
Ela
voltou a denunciar o desmonte promovido pela governo Temer e classificou a
“destruição da indústria brasileira” como a principal tragédia dos últimos
tempos.
“Hoje,
quando olho pra esse plenário, vejo vários produtos que poderiam ser fabricados
pelo nosso país, mas são feitos por indústrias estrangeiras. Quando eu falo de
indústrias, não estou falando somente daquelas indústrias mais simples, essas
nós até mantemos. Falo das indústrias de ponta, aquelas mais capazes de agregar
valor.”
Ela
aponta que a precarização do trabalho e o desemprego são algumas das
consequências desse processo de desindustrialização. “Faz também com que
fiquemos para trás na inovação, na medida em que um país sem indústrias é um
país sem criatividade. Em última instância faz com que nossos jovens que se
dedicam às áreas vinculadas à produção de tecnologia saiam do Brasil”,
explicou.
Segurança pública
Ao
abordar o tema de segurança pública, que é uma das principais preocupações do
brasileiro diante da escalada da violência, Manuela rebateu o que chamou de
candidaturas que “se forjam apenas organizando e agudizando o medo”.
“Falar
em segurança é falar em política pública, em criação de ministério, em
investimento federal, em modernização e inteligência, em fiscalização das
polícias, em valorização dos policiais. Falar em combate à violência e falar em
viver em paz é o esforço para a garantia do respeito a quem nós somos, as
nossas individualidades enquanto mulheres, negros, gays, jovens”, defendeu.
De
Brasília, Dayane Santos