Mais um aumento no preço de produtos básicos
promete tirar o sono dos brasileiros. Dessa vez, foi o gás de cozinha que
sofreu reajuste de quase 13% (12,9%), anunciado nesta terça-feira (10) pela
Petrobras. Em nota, a estatal explicou que “o percentual de reajuste foi
calculado de acordo com a política e preços e reflete, principalmente, a
variação das cotações do produto no mercado internacional”. Ainda segundo o
comunicado, “a companhia estima que o preço do botijão pode ser reajustado, em
média, em 5,1% ou cerca de R$ 3,09 por botijão”. O novo preço já entrou em vigor
nesta quarta-feira (11).
Para o
presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de GLP (Asmirg), Alexandre
Borjaili, o quinto aumento em pouco mais 30 dias é algo “absurdo” e só
prejudica o consumidor. “Pelos preços praticados, virou um artigo de luxo. Um
botijão de gás deveria ser comercializado a R$ 35 no máximo”, afirmou.
Segundo a
Petrobras, como a lei brasileira garante liberdade de preços no mercado de
combustíveis e derivados, as revisões feitas nas refinarias podem ou não se
refletir no preço final ao consumidor. Isso significa que os repasses
dependerão das distribuidoras e revendedores.
Essa
prática faz com que os preços dos botijões tenham variação de até 40% nas
mesmas cidades. No Rio de Janeiro, por exemplo, os consumidores pagam de R$
49,99 a R$ 85 em uma única unidade, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP). Em outras capitais, como Salvador e Recife, o
botijão pode ter diferença de até R$ 10.
Em
Brasília, onde o preço do botijão varia de R$ 55 a R$ 75, o aumento recebeu
críticas de moradores. A assistente administrativa Regiane Costa utiliza de
cinco a seis unidades por ano e reclama que isso vai gerar mais despesa. “Com
certeza pesa no bolso. Por ano gasto mais ou menos R$ 300 só com gás”, contou.
Da última vez que comprou, há quase dois meses, ela pagou R$ 56 no produto.
REAJUSTE
O
Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo
(Sindigás) calcula que o reajuste oscilará entre 7,8% e 15,4%, de acordo com o
polo de suprimento.
De acordo com a entidade, a correção aplicada não repassa integralmente a
variação de preços do mercado internacional. Diante disso, o Sindigás estima o
preço do produto para botijões de até 13 quilos “ficará 6,08% abaixo da
paridade de importação, o que inibe investimentos privados em infraestrutura no
setor de abastecimento.”
Além de
pesar no orçamento familiar, os recentes aumentos no preço do gás de cozinha
fazem com que os brasileiros busquem alternativas, inclusive ilegais. Mas o que
se mostra como uma saída pode ser um risco. O presidente da Asmirg alerta que
algumas pessoas utilizam uma mistura perigosa de álcool e gasolina. “Isso pode
causar explosões dentro de casa. Sempre se deve procurar um revendedor
autorizado”, disse.