A fábrica de blocos de concreto e meio-fio do Complexo Penitenciário de São Luís . (Foto: Clayton Monteles) |
Trinta novas oficinas de trabalho foram abertas pelo Governo do
Estado, no Sistema Penitenciário do Maranhão, apenas durante a XVIII Semana do
Encarcerado. Agora, com um total de 133 novas frentes de trabalho operando em
todas as unidades prisionais, a Secretaria de Estado de Administração
Penitenciária (Seap) estima mais resultados positivos no âmbito da
ressocialização, e uma economia significativa com o aumento da mão de obra
carcerária.
Uns dos mais emblemáticos exemplos desta considerável contenção
de gastos, por meio do trabalho dos detentos, são as três fábricas de blocos de
concreto e meio fio, que hoje funcionam no Complexo Penitenciário São Luís.
Responsável por abastecer o programa Rua Digna do Governo do Estado, cujo
objetivo é pavimentar ruas de comunidades carentes, as fábricas devem gerar,
até 2018, uma economia de mais de R$ 2,3 milhões, somente na compra das peças
pré-moldadas.
“Hoje, um bloco de concreto com as mesmas especificações dos
produzido no sistema custa R$ 3,31. Feito pelos detentos, esse mesmo bloco
custa R$ 0,98. Considerando a diferença de R$ 2,33, economizada em cada peça, e
que a Seap deve fornecer cerca de 1 milhão de blocos ao ‘Rua Digna’, até o
próximo ano, podemos antecipar que o Estado terá alguns milhões disponíveis
para aplicar em outros serviços”, explica o secretário Murilo Andrade de
Oliveira.
A economia do erário estadual prevista com a mão de obra carcerária
também vai vir de outras frentes de trabalho. A compra de fardamento para os
apenados, antes feita a partir de serviços terceirizados, agora se limita
apenas à aquisição de insumos, já que há várias malharias e serigrafias em
pleno funcionamento nas unidades prisionais do estado. “Compramos o tecido, a
linha, a tinta, mas as peças são produzidas pelos internos e internas”,
completa o titular da Seap.
Mudança de comportamento
A programação da XVIII Semana do Encarcerado se manteve entre os
dias 21 e 25, na capital, e de 28 de agosto a 1º de setembro nos demais
municípios. Na região metropolitana, apenas no dia 22, foram inauguradas 14
oficinas de trabalho, mais uma Unidade Básica de Saúde (UBS), no Complexo
Penitenciário. Nas unidades prisionais do interior foram mais 16 frentes de
trabalho abertas. A oportunidade de renda digna tem mudado o comportamento dos
detentos.
A secretária adjunta de Atendimento e Humanização Penitenciária
(SAAHP), Odaíza Gadelha, garante que o trabalho ajuda a melhorar a socialização
do interno dentro e fora do cárcere. “O interno que trabalha na unidade
prisional apresenta melhora considerável no comportamento e nas relações
interpessoais, uma vez que, muda sua perspectiva de vida através do aprendizado
de uma nova profissão; e isso lhe possibilita um retorno digno à sociedade”,
resume Gadelha.
Durante a programação, na capital, foram abertas no Complexo
Penitenciário São Luís uma confecção de roupas para recém-nascidos; uma de
artigos de casa; outra de peças íntimas; sabonetes, e um salão de beleza. No
mesmo dia foram inauguradas, ainda, a terceira fábrica de blocos; uma
serralheria; uma horta; uma de reciclagem de papéis para produção de blocos de
anotação; uma serigrafia; duas oficinas de arte; uma confecção de redes; e
outra de almofadas.
Nas unidades prisionais do interior, foram abertas uma oficina
de arte em gesso e uma horta na UPR de Caxias; e uma fábrica de produção de
panelas na UPR de Timon, onde também foram inauguradas uma oficina de arte em
gesso e uma horta. Nas duas unidades prisionais de Imperatriz foram cinco novas
frentes de trabalho abertas: artesanato em vime e em palitos de picolé; duas
malharias; uma serigrafia; e a oficina de confecção de redes de descanso.
Foram inaugurados ainda dois salões de beleza, um na UPR de
Balsas e outro na UPR de Açailândia; e uma malharia, uma oficina de arte em
gesso, e uma horta na UPR de Itapecuru Mirim. Com estas novas frentes de
trabalho abertas, o Sistema Penitenciário do Maranhão passa a ter mais de 2.459
internos inseridos em ações de trabalho e renda. O número equivale a mais que
28% da população carcerária do estado, em plena produção de mão de obra.