Artigo do governador do Maranhão,
Flávio Dino.
Neste 2017, temos a
honra de celebrar a memória de Josué Montello, em seu centenário de nascimento.
Maranhense de brilhante carreira não só como escritor, mas também como
jornalista e em sua atuação como gestor público, à frente de algumas das
instituições mais importantes da política cultural brasileira.
Na literatura, deixou um
exemplo da construção de cenários densos e narrativas complexas a partir de uma
escrita límpida. Escritor de reconhecimento nacional, encravou na bibliografia
do país as cores, o cheiro e as belezas de nossa cultura. Elas estão em Cais da
Sagração, a saga de Mestre Severino, cheio de vontade e esperança, navegando
até São Luís para tentar passar sua sabedoria ao neto Pedro. E também nas
páginas imortais de Os Tambores de São Luís, obra de grande riqueza artística
em que talha um retrato crítico da decadência da oligarquia colonial que
arrancava sua riqueza do trabalho escravo. O livro é um libelo da resistência
da população negra à escravidão, que deixou marcas em nossa sociedade até hoje.
Esse é um grande mérito do bom romance histórico, exemplificado por Os Tambores
de São Luís: ao falar do ontem, diz muito sobre o hoje, e extrai dessa
dialética uma grande força para se manter vivo. Com efeito, a escravidão ainda
ecoa no nosso cotidiano, como é demonstrado pela persistência do racismo, da
desvalorização do trabalho humano e pelos arroubos de coronéis da política, que
em pleno século 21 ainda se acham “donos” e “senhores”, mesmo que não passem de
medíocres figuras.
Para celebrar a memória
de Josué, o Governo do Maranhão está organizando para o segundo semestre uma
série de comemorações em homenagem ao centenário do escritor. Elas ocorrerão
justamente na Casa de Cultura Josué Montello, reaberta em dezembro,
após uma ampla reforma e ampliação. Foi instalado nela um museu, com o acervo
pessoal de Montello. Lá, estão à disposição do público para consulta a coleção
de obras da biblioteca particular do escritor, além de documentos
pessoais.
Material disponível para servir de referência para artigos,
ensaios, teses e monografias dos estudantes e pesquisadores de nosso Maranhão e
do Brasil.
Tenho convicção no poder
inspirador da arte e na capacidade transformadora da política cultural.
Por isso que cuidamos dela com tanta atenção, com o apoio aos eventos e às
festas populares, aos espaços culturais e inovações, a exemplo da consistente
política setorial do audiovisual que estamos implantando desde 2015. O
centenário de um escritor como Josué Montello, devidamente destacado, além da
dimensão da homenagem, visa funcionar como poderoso estímulo a tantos talentos
literários que o nosso Estado possui. E deixo um convite especial: conheçam a
Casa de Cultura Josué Montello.